SOLIDARIEDADE A JANETE BARBOSA, PESCADORA E QUILOMBOLA

JANETE BARBOSA é mulher preta, marisqueira e quilombola da comunidade do Baixão do Guaí, no Recôncavo Baiano. Com seus 49 anos de idade, é importante e antiga militante do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP), da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos Extrativistas Costeiro Marinhos (CONFREM) e da Associação Mãe da Reserva Extrativista Marinha Baía do Iguape, que reúne representações de quase uma centena de comunidades quilombolas e pesqueiras do recôncavo.

Janete dedicou sua vida ao fortalecimento da luta por liberdade nos territórios tradicionais, contra o agro e hidronegócio e os conluios entre os poderes públicos e privados que avançam com seus projetos escusos sobre as terras e bens naturais costeiros da Bahia. Sua trajetória de coragem e mobilização pela defesa dos povos e comunidades tradicionais serve de exemplo para gerações de pescadoras e pescadores artesanais, ambientalistas e demais militantes que têm como referência a dedicação, combatividade e sabedoria de Janete.

Apesar de sua voz calma e fala pausada, não foram poucas as vezes que vimos magnatas encolherem-se em seus paletós quando ouviam as palavras de Janete, sempre muito precisas e potentes. Muito respeitada por todas e todos os pescadores artesanais do Brasil, auxiliou na formação política de uma série de pescadoras e pescadores, sobretudo quilombolas, atravessando sempre em suas práticas a perspectiva da mulher pescadora enquanto importante protagonista da luta pela defesa dos territórios pesqueiros.

Contudo, neste mês de setembro, Janete, que sempre tentou conciliar sua trajetória exaustiva de luta com o tratamento de sua diabetes, precisou amputar uma de suas pernas e necessitará repetir inúmeras sessões de hemodiálise na cidade de Salvador, longe de sua comunidade natal, na zona rural do município de Maragogipe. O infortúnio que acometeu a vida desta respeitosa mulher pescadora representou não só uma necessidade de mudança de sua própria vida como também da rotina de toda a sua família, que terá que manter esforços para garantir os cuidados cotidianos com Janete na capital, Salvador.

Diante do exposto, a Associação de Trabalhadores de Base da Bahia (ATB-BA) e  Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos Extrativistas Costeiro Marinhos (CONFREM) vem, através deste financiamento coletivo, solicitar apoio a todas e todos aqueles que puderem contribuir para o custeio das despesas com a mudança de sua família, a aquisição de artefatos médicos (cadeira de rodas, andador e cadeira de banho), a compra de uma geladeira e para a garantia de alimentação, deslocamentos, medicamentos durante os primeiros meses de adaptação da família em Salvador.

Ainda que seja pouco diante de seu imenso legado, motivados pelo nosso princípio maior do apoio mútuo e da solidariedade, sentimo-nos no compromisso de prestar todos os cuidados possíveis a esta incrível mulher preta, pescadora e quilombola que, ao saber da enorme rede de acolhimento que se mobilizava em seu apoio, nos disse em tom de esperança: eu quero meus passos de volta, ainda tenho muita luta pra travar”!

CUSTOS DO PROJETO:

Os valores abaixo representam um orçamento feito em 23/09/21, com base em valores médios encontrados em websites (sem considerar o frete). As especificações técnicas dos equipamentos de mobilidade e medicações serão disponibilizadas pela equipe médica quando Janete obtiver alta do hospital. Visando a transparência, nos comprometemos a disponibilizar fotos do que for comprado com as notas fiscais para as/os parceiras/os doadores. Todo valor que exceder aos custos serão destinados para Janete usar na adaptação em Salvador e demais necessidades.

  • Mudança Maragogipe-Salvador: R$ 500,00
  • Cadeira de rodas: R$ 1.200,00
  • Andador articulado: R$ 350,00
  • Cadeira de banho: R$ 600,00
  • Geladeira: R$ 1.900,00
  • Cesta Básica e despesas domésticas (três meses): R$ 1.500,00
  • Deslocamento em Salvador para tratamento médico (três meses): R$ 360,00.
  • Medicações (analgésicos, insulina – cerca de seis meses): R$ 1.100,00
  • Glicosimetro: R$ 130,00
  • Lancetas e agulhas para aferir a glicemia diariamente (material para seis meses):   R$450,00

TOTAL DE CUSTOS: 

R$ 8.000,00 (oito mil reais)

TOTAL DE CUSTOS + TAXA VAKINHA ONLINE + COTA DE R$ 0,50 POR DOAÇÃO: 

R$ 8.612,00 (oito mil seiscentos e doze reais)

Obs. A plataforma Vakinha Online cobra uma taxa administrativa de 6,4% do valor total do financiamento (R$ 512,00) mais R$ 0,50 por doação. Como não há como prever com exatidão a quantidade de doações que serão feitas, estimamos um total de 200 doações, o que adicionaria R$ 100,00 de taxa para a plataforma.

Link para a Vakinha: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/solidariedade-a-janete-barbosa-pescadora-e-quilombola-ajuda-para-tratamento-pos-amputacao-e-de-diabetes

NOTA DE SOLIDARIEDADE AO PROFESSOR WALLACE DE MORAES

A Associação de Trabalhadores de Base, seções Rio de Janeiro e Bahia (ATB-RJ e ATB-BA), manifesta total solidariedade ao professor doutor, e acima de tudo trabalhador da educação, Wallace dos Santos de Moraes, a respeito da perseguição política e racismo que lhes são direcionados pelo professor Josué Medeiros, do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Wallace buscava se candidatar à composição da banca para um concurso. O professor em questão desqualificou Wallace de forma pejorativa e racista, chamando-o de “pessoa complicada”, e ainda argumentou que “para ele (Wallace) tudo é racismo, fica dizendo que é perseguido por ser negro, toda vez que é contrariado fica se vitimizando como negro e não é nada disso”. Tal discurso, infelizmente, foi endossado pela Chefe de Departamento de Ciência Política.

O professor Josué Medeiros tem histórica ligação com o Partido dos Trabalhadores (PT), e neste momento ocupa o cargo de tesoureiro da AdUFRJ (Associação de Docentes da UFRJ). É importante pontuar essa questão, pois, além do componente de racismo escancarado, soma-se a perseguição político-ideológica — afinal, o professor Wallace de Moraes é militante anarquista.

Infelizmente, não é o primeiro caso de perseguições políticas em espaços institucionais que partem de dirigentes ou quadros partidários contra um militante anarquista. O caso é agravado pelo racismo, pois Wallace é o único professor negro do departamento.

Reforçamos nossa corrente de solidariedade ao professor Wallace e afirmamos: RACISTAS NÃO PASSARÃO!

Todo apoio e força ao professor Wallace de Moraes. Saudações antirracistas, libertárias, de trabalhadores e trabalhadoras de base!

Assinam essa nota:
ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES DE BASE – BAHIA

ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES DE BASE – RIO DE JANEIRO

(Des)aprenda com as defiças – uma conversa aleijada-cuir sobre anticapacitismo

PraTodarVer: Card de divulgação quadrangular com fundo rosa-choque.

Cinco retângulos horizontais amarelos, com alturas e larguras variadas, três estão à esquerda e dois à direita abaixo do símbolo Internacional de Acesso, que está em traços amarelos sobre o fundo rosa.

Em todos os cinco textos em fonte preta.

No primeiro do canto esquerdo superior:
(DES) APRENDA COM AS DEFIÇAS: Uma conversa aleijada-cuir sobre anti-capacitismo.

No retângulo abaixo a esquerda:

Anahí Guedes de Mello Antropóloga e pesquisadora da Anis — Instituto de Bioética
Severa Paraguaçu Drag defiça e modelo completona
Joshua St. Pierre Professor de Ciência Política na Universidade de Alberta (Canadá).

No retângulo do canto inferior esquerdo:

Mediação: Gus Fernandes
Tradução: Gustavo Gusmão

No retângulo à direita, abaixo do símbolo Internacional de Acesso:
17 de Julho às 16 horas
Transmissão ao vivo pelo Zoom e pelo canal da ATB no Youtube.

No retângulo do canto inferior direito, dois textos:

Na esquerda:

Organização:
Associação de Trabalhadores pela Base – ATB (BA).

Na direita:

Apoio:
Centro de Investigações Libertárias e Educação Popular – CILEP.

Solidariedade com o quilombo de Conceição de Salinas (BA)

A Associação de Trabalhadores pela Base da Bahia (ATB-BA) denuncia mais um episódio de brutalidade do poder político e econômico contra a comunidade quilombola de Conceição de Salinas, no município baiano de Salinas da Margarida, quando a prefeitura tentou a todo custo desconsiderar a existência da comunidade quilombola para burlar a priorização destes povos no processo de vacinação contra a COVID-19.

Este abuso só não foi pior porque a comunidade fez forte pressão junto às instituições públicas e jornalísticas, o que levou à publicação de uma nota pública racista da prefeitura nas redes sociais, que afirmava não existirem quilombolas no município. Graças à pressão dos quilombolas e ao apoio de outras organizações, movimentos sociais e ativistas, a prefeitura voltou atrás e vacinou a população quilombola.

A nota pública de teor racista gerou ainda mais conflitos, levando pessoas nas redes sociais a condenar a postura racista e etnocida da prefeitura de Salinas da Margarida. A repercussão resultou em solicitação da Defensoria Pública da União para que o município retirasse a nota de circulação e fizesse uma nova nota pública em retratação, respeitando os direitos dos povos e comunidades tradicionais do quilombo de Conceição de Salinas.

Sem abrir mão de sua postura racista, a nota de retratação da prefeitura manteve o discurso de que não havia comunidade quilombola no município, quando o quilombo de Conceição de Salinas tem certificação da Fundação Cultural Palmares, processo no INCRA para a publicação do relatório técnico de identificação e delimitação (RTID) do quilombo e cessão pública dos terrenos de marinha para o uso tradicional da comunidade mediante um termo de autorização de uso sustentável (TAUS) emitido pela Secretaria do Patrimônio da União.

Além de evidênciar o racismo institucional da prefeitura de Salinas da Margarida, esta tentativa de burlar a priorização dos quilombolas na vacinação contra a COVID-19 é também a continuidade de um genocídio histórico na sua forma mais crua. Em meio à crise sociobiológica que assola toda a humanidade, as comunidades tradicionais, sobretudo pretas e indígenas, são as mais vulneráveis à COVID-19.

Essa não é a primeira vez que a comunidade quilombola de Conceição de Salinas é atacada e/ou boicotada pelo Estado brasileiro, que tem o dever legal de zelar pela saúde, economia e modos de vida das populações tradicionais, e de reparar todos os danos que lhes foram causados ao longo da História. Para comprová-lo, leiam matéria do jornal Café Preto com denúncia dos ataques sofridos pela comunidade a partir de um conluio escuso entre empresários e o poder público municipal, que resultaram em traumas, dores, mas também em muito mais força, organização e luta.

A Associação de Trabalhadores pela Base da Bahia (ATB-BA) solidariza-se com o quilombo de Conceição de Salinas e pede a divulgação e compartilhamento desta denúncia.

Assista abaixo um vídeo sobre o assunto:

Terça da ATB #003: Trabalho e aplicativos – entendendo as novas formas de exploração do trabalho

A Associação de Trabalhadores pela Base — Bahia (ATB Bahia) convida para a terceira edição da TERÇA DA ATB, desta vez com o tema TRABALHO E APLICATIVOS: entendendo as novas formas de exploração do trabalho (de entregadores, mas não só).

A exposição inicial será feita por Murilo Sampaio Oliveira, que é professor associado da UFBA em Direito e Processo do Trabalho, além de autor dos livros “(Re)pensando o princípio da proteção na contemporaneidade” (LTr, 2009) e “Relação de Emprego, Dependência Econômica e Subordinação Jurídica: revisitando conceitos” (Juruá, 2019).

A live acontecerá no dia 27 de outubro de 2020 às 20 horas no canal da ATB Bahia no Youtube: https://youtu.be/AVTYPARiVf0

Não conseguiu participar? Assista a transmissão aqui!

“Não estou aqui para construir reputação, mas para construir movimentos de resistência”: entrevista com Kátia Motta

O Instituto de Estudos Libertários (IEL) entrevistou Kátia Motta, ex-dirigente do Sindscope e professora do Colégio Pedro II. A foto é de Vinícius Machado (in memoriam). A entrevista, que vai abaixo na íntegra, pode ser lida originalmente no site do IEL (clique aqui).

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[EUA] David Graeber, 1961–2020 | “É inacreditavelmente doloroso acreditar que ele se foi”

Por Debbie Bookchin

Eu conheci David depois que meu pai, Murray Bookchin, faleceu, em 2006. Meu pai, embora um orgulhoso revolucionário, tornou-se um crítico severo de certos aspectos do anarquismo, e ele próprio se declarava um comunalista. Procurei David como parte de um sentimento incipiente de que era necessário construir pontes onde meu pai havia às vezes (na minha cabeça, pelo menos) criado abismos desnecessariamente grandes. Anarquistas e comunalistas compartilham muito de suas visões por uma sociedade livre, e parecia certo discutir esses assuntos com David.

Eu sabia que David era brilhante e um dos escritores mais talentosos de sua geração, mas eu não tinha como prever que amigo sincero, leal, e gentil ele seria. Ele era profundamente modesto e profundamente generoso: quando você dava um presente a David, ele tentava te retribuir com três. E ele era divertido. O humor de David era irresistível, porque para ele a irracionalidade do mundo era algo para se rir – e combater.

Então, havia sua generosidade intelectual. Ele parecia projetar seu próprio brilho nos outros, pegando o núcleo latente de uma ideia não reconhecida por um palestrante e seguindo sua lógica, e então costurando-a junto com seu próprio conhecimento de história, antropologia, e teoria política até ele tecer uma bela síntese, uma análise compreensiva do objeto em questão, pelo qual ele sempre estava inclinado a dar o crédito ao orador original.

Antes de sua morte, comecei a ler o manuscrito de seu novo livro com David Wengrow, The Dawn of Everything (“O amanhecer de tudo” em tradução livre). Ele o enviou para mim com seu eufemismo característico, dizendo: “Este é, hmmm, meio longo”. Mas quando respondi a mensagem, pasmo com o quão elegante sua escrita era — como se fosse possível para ele ser ainda mais eloquente do que em seu trabalho anterior — ele se iluminou com entusiasmo. “Você já chegou à parte sobre Kandiaronk?? É incrível que ninguém tenha ouvido falar dele…” E ele ia embora.

David sempre me dizia que seu livro favorito escrito pelo meu pai era Post-Scarcity Anarchism (“Anarquismo Pós-Escassez” em tradução livre). Isso não era coincidência. David era um verdadeiro utópico: e aquele trabalho do início da década de 1970 estava transbordando da promessa de um novo mundo possibilitado pelos saltos extraordinários na tecnologia e pelo idealismo de uma contracultura que exigia que fizéssemos o impossível. Todos os dias, David concretizava essa visão pessoal, durante uma vida inteira de estudos, análises e ativismo. Essa visão se mostrava especialmente em seu intenso comprometimento com o projeto curdo em Rojava, uma sociedade em grande parte sem Estado que para David provava que  a democracia de assembleia poderia funcionar até em grande escala. Ele ficou profundamente frustrado porque a esquerda mais ampla não incluiu Rojava com mais força, também.

A bondade de David surgiu naturalmente para ele, e ele nos presenteou com muito. É inacreditavelmente doloroso acreditar que ele se foi. Ele tinha uma crença vibrante nas possibilidades inexploradas da imaginação humana e nunca perdeu seu otimismo de que nós teríamos sucesso em criar uma sociedade digna do melhor em nós. Acho que ele poderia nutrir esse sonho até nas piores circunstâncias, porque em suas próprias ações, ele exemplificava a própria humanidade com que ele sonhava. A abertura e a vontade de David de estar presente com quem quer que estivesse na sala eram como um alívio, uma bondade que ele projetava inocentemente para o mundo. Parecia que ele poderia sozinho corrigir as injustiças da sociedade simplesmente sendo quem ele era. Esse sonho vai viver em sua enorme obra. Cabe ao resto de nós trazê-lo à vida.

Tradução > Brulego

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agência de notícias anarquistas-ana

As águas silentes
E a névoa sobre o capim —
Entardece agora.

Buson

(Artigo publicado originalmente no blog da Agência de Notícias Anarquistas: https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2020/09/25/eua-david-graeber-1961-2020-e-inacreditavelmente-doloroso-acreditar-que-ele-se-foi/ )

Uma homenagem a Neno Vasco

Neno Vasco, pseudônimo de Gregório Nazianzeno de Moreira Queiroz e Vasconcelos, nasceu em Penafiel (Portugal) em 1878. Entre idas e vindas, suas atividades militantes junto ao movimento anarquista e operário transcorreram entre Brasil (1901-1911) e Portugal (1911-1920). Esteve à frente de importantes periódicos de São Paulo, como O Amigo do Povo (1902-1904), e de Lisboa, como A Sementeira (1908-1919).

Pouco inclinado à ação pública, Neno Vasco contribui mais como um propagandista do que como um ativista. Por meio da palavra escrita, destacou-se em inúmeras frentes de luta no vasto horizonte libertário: na criação de uma estratégia sindicalista revolucionária, no engajamento com a causa anticlerical, na construção de uma tribuna antimilitarista, na preocupação com a emancipação feminina, na luta pela pedagogia libertária, dentre outras. Tais ações colaboraram para conferir o “tom anarquista” que caracterizou o movimento operário dos dois lados do Atlântico.

Vitimado por uma tuberculose, Neno Vasco faleceu em 1920, com apenas 43 anos, na cidade de São Romão do Coronado (Portugal).

Para homenagear esse importante militante anarquista, a Biblioteca Terra Livre, o Instituto de Estudos Libertários e a Livraria Ambulante Comuna de Patos reuniram uma série de textos contando um pouco sobre a vida, a obra e as reflexões desse que foi um dos mais célebres anarquistas de língua portuguesa.

Este pequeno livro de quarenta páginas está disponível em PDF no blog do Instituto de Estudos Libertários (IEL) (clique aqui para acessar), e é leitura recomendadíssima.

“Decálogo da Autogestão” (Abraham Guillén)

Publicamos a seguir a tradução do “Decálogo da Autogestão” de Abraham Guillén, traduzido do espanhol por Inaê Diana Ashokasundari Shravya e publicado pela primeira vez em português no blog do Instituto de Estudos Libertários (IEL).

Continue reading ““Decálogo da Autogestão” (Abraham Guillén)”

Terça da ATB #001: “ECONOMIA & PANDEMIA” (um resumo)

Foi realizada às 20h do dia 08/09/2020 a primeira edição da Terça da ATB, com o tema “ECONOMIA & PANDEMIA”. A fala inicial ficou por conta de Cairo Andrade, militante da Juventude Ativista de Cajazeiras (JACA), economista, mestrando e pesquisador do Núcleo de Estudos Conjunturais (NEC) da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Trazemos a seguir um resumo da fala de Cairo, e convidamos a assisti-la na íntegra em nosso canal no Youtube (clique aqui)

Uma leitura do contexto

Cairo trouxe primeiramente uma análise de conjuntura pré-pandemia, abordando pontos da crise econômica em um âmbito mundial e brasileiro, apontando inicialmente para a desaceleração da economia internacional, que está nesse processo desde 2017. Segundo ele, isso acontece porque o sistema capitalista tem crescido cada vez mais a um patamar de menor escala. Dentre os agravantes para essa desaceleração da economia, está a guerra comercial entre China e Estados Unidos, que se constitui muito mais em uma disputa no campo tecnológico. Outro contribuinte para essa crise foi o Brexit, nome dado à saída do Reino Unido da União Européia.

A situação brasileira

Após esse contexto, Cairo mostrou que o Brasil já vive um queda econômica do PIB desde 2015, porém houve uma redução na taxa de desemprego entre o governo Temer e o governo Bolsonaro, mas esse esse crescimento está pautado na geração de empregos informais. Segundo ele o capitalismo brasileiro está cresccendo baseado no mercado informal e subsequentemente na retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Sendo importante salientar que essa crise brasileira tem afetado apenas a classe trabalhadora, enquanto são anunciados cada vez mais bilionários brasileiros, estes ficando inclusive 34 bilhões mais ricos. Desta maneira é possível entender que o capitalismo brasileiro tem se postado cada vez mais sobre as desigualdades e exploração do trabalhador.

A COVID-19 e a economia

Cairo retratou também o cenário dos efeitos da Covid-19 na economia, focando principalmente no mercado de trabalho. Diferente das outras crises, a pandemia afeta diretamente a forma de acumulação do capitalismo, que é o risco direto à vida do trabalhador, sendo o trabalhador negro, principalmente mulheres pretas, o ponto de maior vulnerabilidade desta crise, possuindo o maior índice de mortalidade. Esse alto índice se deve principalmente ao sistema de saúde precário ao qual são destinados, além de serem os que mais se expuseram durante a pandemia devido ao desemprego. Além do mais, a crise sanitária está afetando a alimentação dos trabalhadores, que através da inflação há uma elevação no preço dos alimentos.

O Estado responde à crise?

Outra abordagem importante feita por Cairo foram as respostas do estado neoliberal diante da crise. Segundo ele os governos precisam tomar medidas para que a “roda do capitalismo” não deixe de girar. Uma entre as alternativas utilizadas seria estimular a economia através de políticas monetárias e fiscais, sendo a primeira uma redução nas taxas de juros, facilitando a acessabilidade de grandes empresas. Já a política fiscal é a redução, isenção ou parcelamento de impostos, para assim tentar buscar uma estabilidade econômica. Além dessas alternativas, a flexibilização das relações de trabalho é uma forma de resposta do Estado neoliberal às crises, passando assim o ônus da pandemia para a classe trabalhadora. Essas relações predatórias de trabalho podem ser chamadas de “uberização”, nas quais não se tem direitos trabalhistas garantidos e nem vínculo empregatício com os trabalhadores.

Saídas para a crise

Ao fim da sua explanação, Cairo falou sobre novas estratégias e caminhos para sair dessa exploração do capitalismo e manter alguma dignidade entre trabalhadores, citando principalmente o fomento para outras articulções de trabalho em um contexto horizontalizado.

As Terças da ATB

A ATB Bahia realiza, sempre na última terça-feira de cada mês, uma atividade formativa. Ela é a continuação do curso de formação que a ATB vinha realizando desde meados de 2019, interrompido por causa das medidas de isolamento social necessárias por causa da pandemia de COVID-19.

Neste novo formato, que chamamos de Terça da ATB, escolhemos um tema para tratar em público por meio de uma transmissão na internet, e escolhemos também alguém que possa fazer provocações iniciais ao debate. Contamos com sua participação! Para não perder, assine nosso canal no Youtube e acompanhe a ATB Bahia no Facebook, no Mastodon e aqui pelo blog.